Por uma Cartografia Social
Há inúmeros projetos na Internet que
apresentam o propósito de centralizar o acesso e o uso de dados geográficos de
qualquer natureza. Do ponto de vista da publicação por usuário, temos: geoweb, webmap ou a simples disponibilização
de dados espaciais. No entanto, a iniciativa de transferir a responsabilidade
da produção de dados georreferenciados para a sociedade, de forma independente,
dá espaço para a implementação de uma cartografia social.
Em
uma definição geral, a cartografia social consiste em uma ferramenta de
planejamento e transformação social, sendo desenvolvida a partir de uma ação
conjunta da sociedade. Diante disso, muitos territórios ou comunidades
tradicionais (ribeirinhos, quilombolas, favelas) são fortemente constituídos
pelo seu significado simbólico e cultural, diferentemente do espaço formal
(urbano ou rural) onde são governados pelas relações de poder, econômicas e
controle político. A participação de todos os envolvidos é o primeiro passo
para essa cartografia.
Mapeamento Participativo
O paradigma econômico da segunda década do
século 21 é a economia colaborativa ou compartilhada. Participar é colaborar,
já aponta o dicionário. Com o apoio dos avanços computacionais em dispositivos
móveis ou fixos, o mapeamento participativo se torna possível.
Para implementar o mapeamento participativo em
dada localidade com precisão, é preciso seguir 3 passos importantes:
Seleção do Público: Selecionar, recrutar e organizar as
pessoas que farão parte do mapeamento da localidade é fundamental na garantia
da eficiência operacional. São definidas as atividades econômicas predominantes,
os limites da região (recorte territorial) e os locais de maior relevância para
nortear os processos de geração de dados espaciais;
Treinamento da Operação de Mapeamento:
O ensino das
ferramentas de geração de dado geográficos é a segunda etapa da implementação.
Além de ensinar a utilizar os aplicativos ou softwares, o usuário será inserido ao contexto de mapeamento, ou
seja, serão apresentados os atributos (aspecto qualitativo) que cada um terá
que levanta;
Validação: Na garantia da assertividade dos dados
coletados, uma organização ou um grupo de cartógrafos ou geógrafos devem
validar os dados coletados. A validação não se resume a um “ok, ta tudo certo”
e sim a utilizar os dados levantados para reconhecimento de padrões espaciais
ou informações relevantes.
Assim sendo, a construção da
cartografia social permite a comunidade perceber seu próprio território e as
características inerentes. Isso possibilita o empoderamento e a busca de
autonomia da própria localidade. De uma forma geral, a dinâmica do território e
seu desenvolvimento econômico pode ser pautado pela cartografia participativa
implementada.
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