Geo Fake News: Como os mapas são o principal meio de desinformação nos dias de hoje

Fazer e compartilhar mapas nunca foi tão fácil. Temos uma miríade de soluções livres para confecção de mapas e variadas plataformas de mídias digitais que possibilitam grande visibilidade e alcance da informação cartográfica. Uma simples notícia pode ser representada por um mapa, pois estamos acostumados a confiar neles como um fato. Entretanto, é aí que mora o problema.

Em tempos de serviços baseados em localização (LBS) ou de check in em redes sociais, a informação geográfica se tornou objeto de disseminação. E isso coloca os mapas no centro de um combate as notícias falsas (fake News). O próprio processo de construção de mapas já está eivado de arbitrariedade. Os componentes de orientação (norte geográfico), legenda, escala (detalhes), projeção, rampa de cores geralmente são selecionados sem conhecimento a respeito da qualidade de informação a ser transmitida para o usuário final.

Há diversos recursos cartográficos que alteram o nível de percepção que a pessoa terá da cartografia em questão. Há 3 tipos de informação que podem ser deturpadas, a fim de gerar desinformação em massa:

1.   Informação Temporal: A data de publicação de um mapa ou de uma série de imagens orbitais ou modelos numéricos deve ser analisada com atenção. Visto isso, o usuário deve, na própria notícia, investigar sobre a data de ocorrência que o mapa está comunicando. Um exemplo disso, foi o pânico gerado pela veiculação de um modelo matemático alertando a vinda de um temporal na cidade do Rio de Janeiro, como mostra o vídeo abaixo:



Felizmente, em algumas horas, o mapa viral foi desmentido divulgando a data em que aquela informação estava associada. Se tratava de uma informação antiga e defasada, porém o medo já estava disseminado.

2.   Informação Estatística: Se trata do tipo de informação mais difícil de debelar seu aspecto falso e errôneo. Nenhum usuário irá refazer o processo estatístico para confirmar a informação transmitida, no entanto pode requisitar os metadados associados. O metadado se trata do descritivo de levantamento do dado utilizado na cartografia. Informações como – quem levantou, que horas, tamanho da amostra, locais, instrumentação etc – são utilizadas para corroborar o conhecimento.
Um exemplo de fake News com esse tipo de informação, foi o mapa de votações nas eleições de 1° turno para a presidência da república, onde se construiu uma interpretação binária de divisão simplificada entre a região Nordeste e o resto do Brasil. A generalização traz mais margem para informações equivocadas.



No entanto, a realidade foi demonstrada com o uso de dois mapas elaborado pelo G1 e pelo portal Nexo. A diferença entre os dois está na forma de representação: no Mapa do G1 (da esquerda, mapa 2) todo o território dos municípios está pintado pela cor que predominou nos votos daquela localidade; no Mapa do portal Nexo (mapa 3), cada cidade é um ponto, cuja dimensão é proporcional ao número de votantes. Entretanto, ambos ilustram a complexidade da correta representação do quantitativo de eleitores para cada candidato.





3. Informação Cartográfica: A informação cartográfica falsa remonta desde os tempos mais primórdios de representação do mundo. A projeção de Mercator nos leva a subestimar algumas áreas em detrimento de outras. Por outro lado, a projeção de Peters nos dá valores de área dos continentes e países, mas a forma fica prejudicada. Os aplicativos de geolocalização de ocorrências, como por exemplo pontos de tiroteio, são capazes de propagarem medo e pânico, simplesmente por não apresentar um sistema de validação da informação. Como cartógrafo, reconheço a boa vontade e senso de coletividade em divulgar esse tipo de informação que pode salvar vidas, no entanto o nível de verdade deve ser tratado com atenção. A cartografia participativa pode propagar informação falsa em poucos segundos. No exemplo abaixo, o aplicativo Fogo Cruzado, mostra os pontos de tiroteio plotados pelos próprios cidadãos.

À primeira vista, parece assustador andar pela cidade do Rio de Janeiro, porém grande parte das ocorrências são falsas, antigas ou confundidas com outras razões.

Como se Proteger dos Geo Fake News

O primeiro passo seria desenvolver um instinto mais cético a respeito das informações que se consome em redes sociais. No entanto, é pouco prático frente ao turbilhão de informações a qual estamos expostos.

O desenvolvimento de sistemas baseados em detecção de imagens de aprendizado de máquina, para rastrear a origem dos mapas, são uma solução viável a curto prazo. O uso de bots para classificar o nível de verdade da informação já se trata de uma realidade nas grandes mídias.

Soluções

A indexação de metadados à informação cartográfica online trazem informações sobre a origem do mapa veiculado. A própria vacina para o mapa falso viral já estaria contida, univocamente, em um conjunto de informações que seria cadastrado antes da publicação.

Em vista disso, na tecnologia, na esteira de toda a facilidade vêm todos os desafios de transformação. A garantia de propagação da informação mais verdadeira possível está nas mãos dos profissionais de geotecnologias.

Sobre a Empresa

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